Numa das web-conferências agora organizadas pelas principais universidades mundiais, alguns dos principais especialistas europeus do setor preconizaram uma evolução curiosa: e se esta pandemia nos obrigasse finalmente a fazer aquilo que já estava projetado há muito tempo, mas nunca fomos capazes de por em prática?
“Vamos muito provavelmente assistir a um reequilíbrio entre os grandes centros urbanos e as periferias e zonas rurais”, preveem os especialistas da reputada universidade inglesa. Durante várias décadas houve uma tendência para as pessoas se concentrarem nas principais cidades, onde há mais emprego e melhores salários. Isto criou grandes desequilíbrios entre os centros urbanos e a periferia. Não só em termos de habitacionais, mas também em termos de acesso a serviços essenciais como a saúde, a educação, transportes, instalações espaços, espaços recreativos, etc.
As razões são relativamente simples: as pessoas que vivem na periferia deslocam-se para os centros urbanos para trabalharem. Sem tempo para regressarem a casa durante o dia, comem e fazem as suas compras nesses mesmos centros. Este aumento da procura faz com que haja cada vez mais empresas e comércios a abrirem nestas zonas. Esta dinâmica económica torna os centros urbanos cada vez mais ricos e as periferias, onde a maioria dos residentes praticamente só vai dormir, cada vez mais pobres. Um círculo vicioso criticado já há vários anos por economistas e ambientalistas.
Uma tendência há qual nem os países mais ricos escapam. No Luxemburgo, o preço do m2 na periferia pode ser até 30% mais baixo do que na capital e se nos aproximarmos das fronteiras a diferença pode ainda mais acentuada.
Mas, para quem opta por viver na periferia, a fatura é paga em tempo e em qualidade de vida. Sobretudo para os que são obrigados a deslocarem-se diariamente para a capital para trabalhar. As longas filas de transito representam entre duas semanas e um mês por ano. Demasiado tempo que podia ser aproveitado de outra forma.