De acordo com o relatório, 71% dos inquiridos desejam, por isso, uma redução do horário semanal de trabalho para 34 horas semanais, em média. Nas atividades profissionais que o permitem, os trabalhadores querem também poder ter dias de teletrabalho.
“A exasperação dos trabalhadores com o tempo perdido e o stress adicional no percurso casa e trabalho também deve ser tida em conta”, e o “desejo dos inquiridos em aumentar o número de dias de teletrabalho deve ser satisfeito”, consideram os autores do “Quality of Work Index” realizado pela Câmara dos Assalariados em colaboração com a Universidade do Luxemburgo.
Contudo, como nem todas as atividades permitem o trabalho remoto, os autores do relatório consideram “mais democrático” legislar sobre a redução de horário de trabalho para todos sem exceção.
Risco de burnout
Em algumas profissões e setores económicos, existe uma tendência para uma menor autonomia dos trabalhadores e menos consideração pelas suas opiniões, realçam os trabalhadores. Estes dois fatores são considerados de grande importância para o bem-estar e qualidade na vida profissional. Como são cada vez mais difíceis de encontrar, aumenta a insatisfação laboral havendo uma menor motivação para o trabalho e um maior risco de 'burnout' (esgotamento).
Desumanização laboral
No entanto, os inquiridos também consideram que há cada vez mais uma desumanização das atividades e nas relações laborais, além de abusos das suas funções. Pelo que há um sentimento generalizado de desalento e abandono emocional do emprego, em que os trabalhadores estão cada vez mais afastados e passam a dedicar o maior tempo possível a atividades de lazer e familiares, como aponta o relatório.
Mudar de emprego
A intenção de mudar de emprego num futuro próximo situa-se nos 24% entre os trabalhadores insatisfeitos. Os inquiridos consideram que o mercado de trabalho é bastante dinâmico e que, ultrapassados os constrangimentos da pandemia, as dificuldades de encontrar novo emprego diminuíram.
Direito a desligar
Fora do horário laboral, os trabalhadores não devem ser incomodados ou pressionados com questões profissionais, aponta o relatório. Esta invasão na vida privada promove o desequilíbrio entre a vida profissional e pessoal. Por isso, os autores pedem ao Governo que acelere o processo de legislação do projeto de lei sobre o “direito a desligar” do Ministério do Trabalho e Emprego que ainda aguarda aprovação.
Conselhos às empresas
Para as empresas que levam a sério a atração de talentos e competências e a permanência dos seus empregados, o relatório aconselha que sejam “inovadoras e ponham em prática medidas concretas para melhorar o equilíbrio entre a vida profissional e privada”, mesmo que para tal seja necessário “reinventarem-se e procederem a mudanças no ambiente de trabalho”.