Opinião

2023. O ano dos portugueses?

Foram necessários mais de 30 anos para os estrangeiros finalmente conquistarem o direito de escolherem os responsáveis das autarquias onde residem. Um esforço, até agora, inglório. Mas há algo a mudar….

Por José Campinho 20 abril, 2023
Foto Rui Oliveira

2023 pode ser o início de uma grande mudança para os cerca de 150 mil lusófonos residentes no Luxemburgo. Uma mudança que já começou a vários níveis graças à ambição e à resiliência de um grupo de homens e mulheres que, indiferentes à adversidade, acreditaram ser capazes de chegar onde a maioria não ousava sonhar.

Desde governantes, a altos dirigentes e chefes de grandes empresas, os casos de sucesso têm vindo a multiplicar-se num país onde, até há pouco tempo, para um lusodescendente, terminar o liceu já era um feito assinalável.

Uma ascensão social que, apesar de tudo, ainda está longe de atingir o patamar que seria natural para uma comunidade que vai já na terceira geração.

Mas os estereótipos vão caindo, lentamente, uns a seguir aos outros à medida que os Braz se tornam ministros, as Macedos assumem a chefia da Luxair, os Veríssimos lideram a investigação tecnológica e a construção das principais infraestruturas do país são confiadas aos Pintos deste país.

Nem todos os exemplos de sucesso são tão mediáticos como os referidos, o que não significa que tenham menos mérito. Há certamente muitos outros, de quem provavelmente nunca iremos ouvir falar, que têm contribuído mais do que seria espectável para a qualidade de vida que o Luxemburgo atualmente é capaz de proporcionar.

Podia ser melhor? Obviamente que podia. E não faltam pessoas interessadas em fazê-lo. Aliás, muitas delas são lusófonas, candidatas em praticamente todas as Comunas do país. Pessoas que testemunharam o sacrifício dos seus pais, enquanto crianças, que tiveram de lutar mais do que os outros por uma oportunidade e que, agora, têm a possibilidade de mudar algo para todos nós e para as próximas gerações.

Em 2017 fomos cerca de sete mil a votar. Nestas eleições podemos e devemos ser muitos mais.

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