Mas não vão ser as pequenas nem as médias empresas (PMEs) a abanarem com a economia luxemburguesa e muito menos com o mercado de trabalho. Mais pequenas e mais ágeis as PMEs estão acostumadas, como se diz no jargon empreendedor, a “pivotar” o seu negócio. Isto é, estão habituadas a modificar o modelo de negócio ao longo do seu trajeto em função das necessidades. Muitas delas provavelmente não vão resistir e serão obrigadas a encerrar, mas outras vão abrir, com estruturas e modelos adaptados ao “novo normal” e com elas vão surgir novos empregos, mais sustentáveis e de maior valor acrescentado.
Nas grandes empresas a situação é diferente. Muitas delas, foram perdendo competitividade ao longo dos anos e as crises são geralmente aproveitadas para se reposicionarem e assegurarem a sustentabilidade da empresa. Um dilema que, ao contrário do que acontece com as PME que lutam pela sobrevivência no imediato, é quase sempre malvisto pela maioria dos atores económicos, sobretudo pelos sindicatos.
Não sendo dos mais liberais, o mercado de trabalho luxemburguês também não é dos mais rígidos, pese embora a tradição do modelo tripartido, onde as grandes decisões envolvem quase sempre acordos entre governo, patronato e sindicatos.
Nestas reuniões, onde cada um defende o seu campo, costuma haver a consciência de que uns não existem sem os outros e que as soluções equilibradas são o único caminho possível para um acordo duradouro. Um modelo que tem funcionado e que tem permitido às empresas e à própria economia do país resistir melhor às crises e reinventar-se em momentos chave. E este arrisca-se a ser um desses momentos.
Entre muitas outras coisas, esta crise fez-nos perceber que é possível trabalhar e viver de outra forma, com benefícios evidentes para a sociedade, para as empresas e para próprio meio-ambiente. Costuma-se dizer que é nas crises que surgem as grandes oportunidades, e esta é sem dúvida uma grande oportunidade.