“Gosto de azul e quero que Xavier Bettel seja primeiro-ministro e aconteceu!”. Com apenas nove anos, Hugo da Costa já era um apoiante incondicional de Bettel para vencer as eleições legislativas de 2013. “Na altura não tinha consciência política, mas adivinhei os resultados e a partir daí comecei a interessar-me ainda mais pela política”, revela.
“Admiro muito Xavier Bettel, porque ele tem qualquer coisa de diferente, um grande carisma e é muito próximo das pessoas”, sublinha.
Já com 12 anos o projeto que fez na escola foi um livro a explicar a União Europeia. Na sequência, o pai desafiou-o a fazer uma entrevista ao primeiro-ministro. O pai, sem lhe dizer nada, escreveu a Bettel. E inesperadamente o pedido foi aceite. Pouco tempo depois, com apenas 12 anos, fez a entrevista que viria a mudar a sua vida. Recorda-se que quando a entrevista terminou, Xavier Bettel lhe disse que tinha de telefonar ao chanceler da Áustria. Na altura “fiquei espantado, como é que um homem com tantas responsabilidades faz uma entrevista de 20 minutos com um aluno de 12 anos?”, recorda. E foi nesse momento que percebeu o que queria fazer na sua vida: política. Recorda que “Bettel tem uma forma de ser que não muda em função das pessoas: esteja a falar com um chefe de Estado ou com um cidadão normal”. Esse é o momento-chave que marca a sua vida política. Um momento de viragem em que passa de “espetador a ator”, diz. Sem esquecer o apoio do seu liceu que lhe deu muitas oportunidades ao nível da educação. Com menos de 20 anos já conta com um currículo impressionante. Na escola foi tesoureiro e presidente do Comité de Alunos, representante do liceu no Conselho Nacional dos Alunos.
“Depois abriu-se outra porta do Parlamento dos jovens no Luxemburgo”, descreve. Recorda que no primeiro ano foi logo eleito presidente da Comissão de Assuntos Estrangeiros. Um ano depois, com apenas 16 anos, foi eleito o mais jovem presidente de sempre deste Parlamento dos jovens, sendo também o primeiro lusófono a ocupar este lugar. Não tem dúvidas que “há uma geração de lusófonos que está a crescer e ter mais responsabilidades”, salienta.
“Sempre fui DP”, mas só se tornou militante depois de deixar a presidência do Parlamento dos jovens. Depois “tudo aconteceu muito rápido”. Primeiro foi eleito responsável pela secção de Betzdorf e a mais recente etapa foi ter sido eleito, com 17 anos, membro mais jovem do Comité de direção do partido. O seu atual desafio é ser candidato à Comuna.
“Melhorar o dia a dia das pessoas”
“Faz-se política para fazer coisas para melhorar o dia-a-dia das pessoas”, uma motivação reforçada sempre que vai ao miradouro da torre de água de Roodt-sur-Syre. Um espaço como uma vista, quase inalcançável sobre a Comuna de Betzdorf que o faz lembrar a população e a razão por que quer fazer política.
É aqui que Hugo da Costa, 18 anos, toma as grandes decisões. “A minha expetativa é que o DP e que os valores liberais possam ganhar as eleições”, afirma, retomando assim os destinos da Comuna. É esta a sua expetativa enquanto coordenador do DP local. Até porque neste momento está tudo em aberto em termos de resultados.
Betzdorf é uma pequena comuna que ganha dimensão por receber a sede europeia da SES, empresa multinacional de satélites e também da Panelux, que produz pão que é distribuído por todos os cantos do Luxemburgo. É também o local onde nasceu o atual Grão-Duque Henri que lidera o Luxemburgo. Outra das particularidades desta Comuna é ter muitas tradições, como em Mensdorf, uma das aldeias da Comuna onde se realizam as maiores festas da região, a festa anual da Ameixa chamada de Quetschekiermes.
Uma Comuna com “muitos portugueses e muito bem integrados”. Uma das diferenças que o leva a gostar de viver numa pequena comunidade, em vez de uma grande cidade, é que tem um grupo de amigos muito forte que fica para a vida.
Hugo é fluente em seis línguas, toca piano há mais de dez anos. Mozart e Beethoven são os seus compositores preferidos. Mas recentemente apaixonou-se por um disco do autor brasileiro João Gilberto.
“Sempre tive uma paixão pelos assuntos políticos” e por isso inclina-se para tirar o curso de Direito. Mas ainda não tem a decisão definitiva. Os pais são da segunda geração de migrantes: a mãe veio de Negrais para o Luxemburgo ainda muito jovem e o pai da aldeia de São Bento na Serra de Aire e Candeeiros. Quando pode regressa à terra porque tem uma forte ligação com a família em Portugal. Tem uma árvore genealógica da família oferecida pela avó que revela que são uma antiga família de agricultores. Foram os avós paternos os primeiros a emigrar para o Luxemburgo. Depois seguiu-se o resto da família. Gosta de salientar que a família tem um papel preponderante na sua vida. “Para singrar tem de se trabalhar”, foi um dos valores que aprendeu com a sua família.
Por que razão o DP? “Tudo começou pela admiração que tenho pelo Xavier Bettel. Hoje a razão principal para ser DP é a Europa, porque no meu coração o DP é o partido mais pró-europeu no Luxemburgo”, responde. Porque a Europa é a base fundamental da paz, da economia e de tudo. Fundamental é também ser um partido liberal. Porque o Partido Democrático é liberal economicamente. No sentido que “queremos que as empresas tenham mais liberdade para funcionar e criar emprego”. Mas há também “a parte social do liberalismo que para mim é mais importante: que passa pela defesa de valores como a democracia, a tolerância e a igualdade de oportunidades”. Para que todos, independentemente da sua origem, tenham oportunidade para ser o que quiserem.
Fundamental é votar nestas eleições comunais, apela, porque “estamos a definir as nossas vidas e o nosso dia a dia”.