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Festival das Migrações festejou 40 anos com banho de multidão

Cerca de 30 mil pessoas participaram na quadragésima edição do Festival das Migrações marcada pela possibilidade dos visitantes se inscreverem nos cadernos eleitorais para as eleições comunais de 11 de junho.

Por Madalena Queirós 06 maio, 2023
Foto Pascale Zaourou

Com cerca de 400 stands, o maior evento multicultural do Luxemburgo regressou, em grande, este ano na Luxexpo The Box, o espaço de exposições em Kirchberg. Uma edição “especial” com dois dias de debates, convívio, música e um conjunto de ações levadas a cabo pelo Ministério da Integração e pelo Comité da Ligação das Associações de Estrangeiros (CLAE), organizador do certame, com o objetivo de aumentar a participação política e cívica dos estrangeiros.

Outra das estreias desta edição foi a criação de uma aldeia-mundo do festival, um espaço em que artistas em residência puderam interagir e apelar ao envolvimento dos participantes. “Queremos dar a palavra a todas as migrações e às suas reivindicações”, explicou Pascal Zaourou, presidente do CLAE. Com este evento pretende-se “refletir a importância da diversidade cultural e social da atualidade”, sublinha. 

Depois de três anos de pandemia, o Festival regressou à “sua casa” na LuxExpo, um espaço com mais 12 mil metros quadrados, com “uma nova dinâmica”, sublinhou o coordenador do festival, Alain Randresy. As conferências onde se promoveram debates sobre temas como a violência doméstica, a revolução no Irão, a Guerra na Ucrânia ou o problema da habitação, foram outro dos pontos altos num certame onde a gastronomia continua a ser rei. Nesta edição, em vez dos tradicionais stands de comida portuguesa, cabo-verdiana, italiana e espanhola, a gastronomia ficou reservada aos pequenos stands associativos. Uma inovação que não agradou a todos, mas que teve o mérito de distribuir mais receitas pelas pequenas associações.

Em 400 stands há 19 lusófonos

Dos cerca de 400 stands presentes, cerca de 19 eram lusófonos, com destaque para o Grupo Etnográfico do Alto Minho e para os média lusófonos, Rádio Latina e jornal Contacto, presenças habituais num Festival que mostra “como a comunidade portuguesa está bem integrada no Luxemburgo pela forte participação das suas associações”, afirmou Daniel Bastos, um escritor português especialista em emigração.

Este evento foi também uma ocasião para mostrar a multiculturalidade da lusofonia, com a participação de vários representantes dos Palops:  “Association Angola-Events” e a “Organização das Mulheres Solidárias com Angola”, de Angola; “100% Brasil de Coração”, “Capoeira Team Luxembourg” e “Tom de Percussão Luxemburgo”, do Brasil; “Ami ku Nhos”, “MeMaia”, “Cap Vert Espoir et Développement”, “EducAction Cap-Vert”, “Federação das Associações Cabo-verdianas do Luxemburgo” e “Grupo Amizade das Mulheres Cabo-verdianas no Luxemburgo”, de Cabo Verde; “Reagrupamento das Associações Luso-guineenses do Luxemburgo” e a “Associação Filhos de Descendentes e Amigos de Canhobe-Luxembourg” da Guiné-Bissau, e “Maison du Mozambique” de Moçambique.

Salão ArtsManif com 13 artistas plásticos e fotógrafos lusófonos

O salão ArtsManif, que acompanha o festival há vários anos, teve este ano como novidade uma “residência pop-up” destinada às artes plásticas, fotografia e cinema. O objetivo, segundo o CLAE, era “encorajar o diálogo entre o envolvimento cívico e a criação artística”.

Na residência fotográfica participaram Paulo Lobo, Marlee Dos Reis e Magalie Dos Santos Gonçalves. Na residência de artes plásticas participam Fátima de Moura, Adi Monteiro e Manuel Dias.

Quanto a exposições, o salão ArtsManif acolheu obras de Fernando Resende, Nuno Joaquim Cardoso Quintino, Bia Morais, Sérgio António da Costa Pereira, Marco Perna e Tinna Silva.

Pedro Chagas Freitas e João Tordo no Salão do Livro

Como tem sido habitual, o Salão do Livro voltou a acolher vários escritores portugueses, mas também dois autores guineenses, com destaque para os encontros com Pedro Chagas Freitas, autor de vários bestsellers, e João Tordo, Prémio José Saramago 2009, sob proposta da livraria Pessoa.

Na lista dos escritores de língua portuguesa estiveram ainda José Luís Correia, Maria Inês Almeida, Vasco Espírito Santo, Artur Furtado e os guineenses Manuel da Costa e Cristiana Catchia.

Maria Inês Almeida e Pedro Chagas Freitas, duas vozes da literatura portuguesa contemporânea, foram os escritores portugueses convidados pela Coordenação do Ensino Português no Luxemburgo.

 

Ministros apelam ao recenseamento dos estrangeiros

Cinco representantes do governo luxemburguês estiveram na sessão de abertura do Festival das Migrações, com os discursos marcados pelo forte apelo à inscrição dos estrangeiros nas eleições comunais.

“A democracia não pode ser feita sem a participação de todos” afirmou Corinne Cahen, ministra da Integração e da Família na sessão oficial de abertura do Festival das Migrações. “Apelo a que se inscrevam nos cadernos eleitorais para votarem no futuro da vossa comuna”, acrescentou. “E podem fazê-lo aqui no Festival”, sublinhou. Na entrada do Festival existe um grande stand onde é possível recensear-se para votar nas eleições comunais. O prazo das inscrições termina no próximo dia 17 de abril.

Também a ministra da Cultura, Sam Tanson, apelou a que “todos aproveitem esta oportunidade para votar nas comunais, porque é nas comunas que se decide o futuro da vida quotidiana”.  Até porque o Luxemburgo “tem a particularidade de ter uma percentagem quase igual de cidadãos luxemburgueses e não luxemburgueses”, acrescentou.

Minutos depois foi a burgomestre da capital, Lydie Polfer, a afirmar aos visitantes que, “se querem participar nas decisões do quotidiano, vão votar”.  A autarca sublinhou que “na cidade dos Luxemburgo 70% dos habitantes não têm a nacionalidade luxemburguesa”, encorajando a que votem. 

Um apelo partilhado pelo presidente da câmara dos deputados, Fernand Etgen. Na abertura da sessão a presidente do Comité de Ligação das Associações de Estrangeiros (CLAE), Pascale Zaourou, referiu a necessidade de criar um ministério da Cidadania e, para que todos tenham direitos, apelou a que um “processo de legalização progressiva seja lançado para quem tenha a mais de três anos de residência”.

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