A pouco mais de dois meses do fim do prazo para que os estrangeiros se inscrevam para votar nas eleições comunais “não há qualquer espaço de destaque nos sites das Comunas a indicar como é que as pessoas devem fazer para se inscrever”. A denúncia foi feita por Sérgio Ferreira, diretor político da Associação de Apoio aos Trabalhadores Imigrantes (ASTI), ao mesmo tempo que apelou para que as organizações políticas locais reforcem a campanha para que os estrangeiros se inscrevam para votar.
Mas a participação política é apenas uma das faces da moeda da integração dos estrangeiros. A ASTI denuncia que “muitas vezes os funcionários das Comunas estão a colocar dificuldades no registo das pessoas que chegam ao Luxemburgo”. “Mesmo nas nossas casas sabemos que uma coisa é receber com um sorriso na cara e outra é bater com a porta na cara. Muitas vezes, na chegada ao Luxemburgo, acontece o que não devia acontecer”, denuncia Sérgio Ferreira.
Para ultrapassar este problema, a ASTI defende que haja formação específica para os funcionários das Comunas em interculturalidade para que procedam a um melhor acolhimento, propondo mesmo a criação de um caderno de acolhimento com todas as possibilidades de participação nas atividades que se desenvolvem nas comunas. Porque “as Comunas são os primeiros órgãos de administração com que os estrangeiros se defrontam mal chegam ao Grão-Ducado”, sublinha.
Num país em que se fala de “falta de mão-de-obra em tantos setores de atividade” e em que se registam tantos problemas de habitação, as Comunas deviam apostar na construção de alojamento social para receber os imigrantes que acabam de chegar, defende o responsável. A falta de alojamento, segundo Sérgio Ferreira, leva a que “muitos trabalhadores acabem em situações de total dependência, a dormir em estaleiros de obras, carros ou em quartos por cima de cafés, em situações inaceitáveis para qualquer ser humano”, aponta.
Em matéria de asilo, as Comunas deveriam também “acolher obrigatoriamente um número de refugiados, em função das suas disponibilidades”, afirma.
Uma capital onde quase ninguém vota
Numa capital onde a esmagadora maioria dos residentes são estrangeiros (71%), a representatividade dos autarcas é motivo de embaraço. Dos 81.000 potenciais eleitores não luxemburgueses na Cidade do Luxemburgo, apenas 6.172 estão recenseados. Um défice extremamente acentuado que a autarquia do Luxemburgo parece querer corrigir com a realização de várias ações de sensibilização para o voto nas eleições comunais de 11 de junho. Uma dessas ações consistiu no envio de uma carta aos cerca de 75.000 habitantes estrangeiros da capital para os sensibilizar para a importância do voto.