Tal como nas entrevistas costuma haver o polícia bom e o polícia mau, também num conselho de administração há quem assuma um papel mais simpático ou menos simpático. Os seguintes quatro exemplos são alguns dos mais comuns, mas podem variar bastante em função do tamanho e do tipo da empresa.
1. Polícia. É aquele que vai olhar para tudo com os olhos de um regulador. Vai procurar sempre encontrar o risco de violação das regras, do desrespeito dos valores da empresa e das leis e do impacto que estas poderão ter na reputação e nos resultados da empresa. É um perfil habituado a grandes empresas, onde o risco político é omnipresente, acabando por treinar o cérebro para antecipar todos os cenários possíveis.
2. Especialista dos números. É tão ou mais chato do que o polícia. Enquanto o papel do polícia entra muitas vezes no campo do imaginário, o especialista dos números preocupa-se com aspetos reais que costumam fazer parte da apresentação dos resultados apresentados pelo CEO ou o CFO.
3. Arquiteto. Preocupa-se sobretudo em assegurar que as fundações da empresa são e continuarão a ser sólidas. É um especialista em números e estratégia, mas a um nível mais alto e transversal. Tende a parecer mais “simpático” do que os restantes, mas é o primeiro a pensar se o atual CEO é a pessoa certa para o lugar. É geralmente aquele que conhece melhor a indústria em questão.
4. Piloto. Não vem necessariamente da indústria em que opera a empresa, mas a sua experiência e os seus conhecimentos fazem dele a voz mais ponderada e sábia de todos os administradores. Como a sua missão consiste “apenas” em pilotar, acaba por ser dos que fala menos, mas o pouco que diz é claro e acrescenta valor. Tal como o arquiteto, este perfil é geralmente desempenhado por um dos elementos mais experientes.
Dicas para adquirir as competências necessárias
Uma licenciatura em gestão ou, melhor ainda, um MBA, asseguram-lhe os conhecimentos teóricos necessários para subir os degraus necessários até chegar aos conselhos de administração. Mas não substituem a experiência nem são o único caminho para lá chegar. O importante é estar aberto e motivado para aprender as competências que vai necessitar.
Finanças. Se ainda não pediu para assumir a responsabilidade pelo P&L do seu produto ou serviço, está na altura de o fazer. Se não tem bases em finanças, vai sempre a tempo de as ganhar. Há livros bastante intuitivos e formações online que lhe vão dar as bases necessárias para começar.
Estratégia: preste atenção ao modelo de negócio da sua empresa e tente perceber de que forma está relacionado com a estratégia e as operações no seu departamento e até que ponto certas decisões contribuem para criar ou destruir valor para a empresa.
Comunicação / networking: aproveite os encontros com os atuais membros do conselho de administração para trocar impressões e mostrar interesse nos destinos da empresa. Procure envolver-se o mais possível nas decisões importantes da empresa e aprender com aqueles que o inspiram.
Missão: concentre-se no cargo que foi chamado a desempenhar e onde é capaz de acrescentar mais valor. Aprovei-te cada reunião, cada projeto, para refletir sobre o que a empresa espera de alguém na sua posição naquela situação específica.
Cultura: exercite a capacidade de relacionar-se, conhecer e criar laços com pessoas de outras origens e culturas no seio da sua empresa. Sempre que possível tente criar grupos de trabalho o mais diversos possível e promover um diálogo aberto e positivo entre todos os participantes.