Com a atual “crise” energética, as pressões inflacionistas estão a aumentar. 4,4% no Luxemburgo, 3,4% na zona euro e 5,3% nos Estados Unidos. Até onde poderá ir a inflação e quais os efeitos para os governos, para as empresas e para os consumidores?
Uma inflação superior a 2%, 3% é quase sempre vista como algo mau pelos investidores. Mas antes de dramatizar importa compreender o que está por trás do acentuado aumento da inflação nos últimos meses para percebermos se trata de um fenómeno passageiro ou, se pelo contrário, está para ficar.
E mesmo que fique durante algum tempo, não significa que não se possam fazer bons investimentos no mercado de ações. Pelo contrário, é nestas alturas que surgem boas oportunidades.
Neste artigo apresentamos quatro empresas de que certamente já ouviu falar e cujas ações podem sofrer quebras no atual contexto inflacionário. Uma oportunidade de comprar valores seguros a preço de saldo.
BioNTech: uma mina de ouro
Para quem prefere investir em ações de empresas situadas nas imediações, a BioNTech é uma excelente opção. Está a cerca de duas horas do Luxemburgo, em Mainz, numa rua que diz tudo: “der Goldgrube”. Em português, “Na mina de ouro”.
E na realidade é nisso que a empresa de Ugur Sahin se está a transformar, sobretudo após o sucesso obtido na parceria com o gigante farmacêutico norte-americano Pfizer no desenvolvimento da vacina contra o Covid19. No verão passado e em apenas seis meses a empresa já tinha entregue mil milhões de doses. Nessa altura, as ações atingiram um máximo de 464 euros, após terem chegado a ser transacionadas a 80 euros um ano antes. Apesar do extraordinário aumento, o potencial de crescimento desta empresa mantém-se elevado. Para além das doses de reforço já encomendadas e das que se vão seguir nos próximos anos, a BioNTech tem 15 produtos em fase de candidatura para tratarem doença como o cancro ou a malária. Basta um destes produtos ter sucesso para catapultarem a empresa para um novo patamar.
Valor da empresa (Frankfurt): 35 mil milhões de euros
Valor mais alto (52 semanas): 396,90 euros
Valor mais baixo (52 semanas): 76,40 euros
Dica: É uma empresa em que vale a pena investir, mas que dada a volatilidade do setor, exige algum acompanhamento. Até 350 euros vale a pena comprar, quando se aproximar dos 500 euros pense em vender.
Alphabet: o próximo grande trunfo
Os gigantes tecnológicos, como a Google, tornaram-se demasiado grandes e poderosos e estão cada vez mais na mira dos governos e dos reguladores. Vão ter cada vez mais dificuldades (e ainda bem) em escapar aos impostos e as sanções arriscam-se a ser cada vez mais pesadas. E é basicamente tudo, no que toca às razões para não comprar ações da Alphabet. Num mundo cada vez conectado, onde as bases de dados associadas à capacidade de transformar esses dados em informação relevante constituem uma enormíssima vantagem competitiva, a Alphabet, com produtos como a Google ou Youtube, que lhe permitem acumular quantidades de dados gigantescas, e com o acesso aos perfis mais qualificados do mercado, está entre os mais bem colocados para manter uma trajetória ascendente durante muitos anos. Para além de que são vários os projetos em carteira com grande potencial de valorização. A Waymo, no setor das viaturas autónomas, é um deles.
Valor da empresa (Nasdaq): 1,68 triliões de dólares
Valor mais alto (52 semanas): 3.037 dólares
Valor mais baixo (52 semanas): 1.809 dólares
Dica: É uma ação para investir a longo prazo, sem grandes preocupações, mas o ideal seria comprar quando o valor estivesse abaixo dos 2.800 dólares. Apesar do preço já ser bastante elevado, o mais provável é que a longo prazo represente uma importante mais-valia na sua carteira de ações.
Amazon: o melhor ainda está para vir
Antes da pandemia já ninguém duvidava que o futuro das compras seria cada vez mais digital, mas com a pandemia esta transição acelerou e a tendência é para continuar a crescer a um ritmo elevado. Outra das grandes vantagens do gigante do comércio eletrónico é a quantidade e sobretudo a qualidade da sua base de dados. Poucas empresas no mundo conhecem os seus clientes como a Amazon e essas preciosas informações estão a ser utilizadas para desenvolver uma grande variedade de produtos e serviços que em breve poderão ter um grande impacto nos resultados da empresa. O streaming de música e filmes, a logística, a cloud, mas também os setores nos quais o Luxemburgo tem grande interesse, como a Fintech e os seguros, são apenas exemplos dos tentáculos que estão a crescer um pouco por toda a parte e cujo potencial de crescimento é ainda imenso. O grande desafio vai continuar a ser os recursos humanos necessários para alimentar esse crescimento numa empresa cuja cultura de trabalho não é das mais atrativas, apesar dos salários elevados.
Valor da empresa (Nasdaq): 1.420 triliões de dólares
Valor mais alto (52 semanas): 3.773 dólares
Valor mais baixo (52 semanas): 2.707 dólares
Dica: Se baixar até aos 3.000 dólares é uma oportunidade a não perder, mas mesmo que os saldos sejam menos significativos é daquelas ações que vale a pena comprar em quantidade e deixá-las estar.
Airbus: preparada para altos voos
É um pouco arrojado falar de investir em construtores de aviões em plena pandemia e numa altura em que voar começa a pesar na consciência de cada vez mais pessoas, devido à poluição que provoca. De facto, são cada vez menos aqueles que acreditam que a avião vai voltar ao que era assim que a pandemia estiver definitivamente controlada e a explicação é simples: os voos de negócios, que constituíam uma parte importante das receitas das companhias aéreas, dificilmente voltarão a ser o que eram. As reuniões virtuais vieram para ficar e os avanços tecnológicos vão contribuir para que estas se tornem cada vez mais uma alternativa viável e económica em relação às viagens de negócios. Porquê então investir numa empresa cuja atividade é vender aviões?
Para além da longa lista de encomendas que garante à empresa trabalho para mais de uma década, há duas grandes razões para investir naquele que é cada vez mais líder do setor, com quase do dobro das encomendas do que o seu grande rival Boing: os primeiros aviões sem emissões (movidos a hidrogénio) deverão estar prestes a descolar já este ano e o escalar das tensões geopolíticas, um pouco por todo o planeta, fizeram aumentar a procura de aviões militares, uma das grandes apostas da Airbus.
Valor da empresa (Paris): 88,12 mil milhões de euros
Valor mais alto (52 semanas): 121,10 euros
Valor mais baixo (52 semanas): 81,84 euros
Dica: A impressionante estabilidade do preço das ações desde o início da crise pandémica fala por si. Uma estabilidade que se justifica em grande parte pelo estatuto de interesse institucional que representa para a União Europeia. Se razões faltassem para investir nesta empresa, esta devia por si só ser suficiente, ou seja, nem vale a pena esperar pelos saldos.