Assim que terminei a licenciatura em economia, na Universidade Autónoma de Lisboa, em 1998, fui trabalhar para Vigo num banco de investimento. Fiquei lá um ano e regressei a Lisboa, desta vez para trabalhar na Caixa Vigo, mas na mesma área. Durante os oito anos que lá fiquei passei por vários departamentos e acabei como gerente do departamento de grandes empresas.
Em 2006, a minha esposa entrou para o Banco Europeu de Investimento e decidi acompanhá-la. Na altura já tínhamos um filho de três anos. Para mim foi complicado sair, estava bem em Lisboa e aqui tive de começar praticamente do zero.
Comecei por trabalhar quase um ano no escritório do grupo Sopinor. O Orlando (CEO do grupo) deu-me a oportunidade de conhecer muita gente e de conhecer o Luxemburgo, foi uma excelente experiência.
Entretanto regressei à banca, para o escritório de representação do BPI, na capital. Nessa altura já estava ambientado, já dominava a maioria das línguas e já tinha os meus amigos cá.
Passados três anos fui convidado pela Caixa Geral de Depósitos para responsável do departamento das empresas. Nos últimos anos, antes de fecharem, acumulei a gestão do departamento das empresas com as funções de gerente da agência. Tive pena que a CGD fechasse, tinha um grande potencial e a comunidade merecia outro tratamento. Podíamos ter feito mais.
Entretanto fui convidado para trabalhar para uma fiduciaire, a Cunha & Partners. Foi uma experiência fantástica. Estava habituado ao front office, ao contacto com os clientes. Ali fui para o midle office, gerir pessoas e património, trabalhar com cálculo financeiro. Foi uma experiência que me abriu novos horizontes.
Um dia o João Varandas e o Sérgio Lemos convidaram-me para ir trabalhar com eles e para ir falar o Michel Bastos, CEO da Albalux. Comecei a trabalhar em junho de 2020 como gestor de créditos e no final do ano passei a diretor de agência.
O mercado imobiliário no Luxemburgo é muito dinâmico e mesmo em tempos de crise, como a pandemia e agora a crise energética devido à guerra, acaba por não sofrer grande impacto. A pandemia levou as pessoas a procurarem outro tipo de bens, mas não diminuiu a procura, pelo contrário. Com a crise energética e o aumento da taxa de juros, a procura também não diminuiu.
O primeiro trimestre de 2022 foi mesmo um dos melhores de sempre apesar das taxas de juro terem subido 1.5 pontos percentuais em relação ao ano passado.
O facto de este setor ser muito regulamentado faz com que a eventual bolha esteja controlada. As licenças de construção não são dadas à toa e a procura mantém-se mais elevada do que oferta. Isso coloca uma pressão permanente nos preços.
Os bancos, por sua vez, tornaram-se um pouco mais exigentes, mas o risco para eles é relativamente baixo e acabamos sempre por encontrar bancos interessados em financiar a compra de casa. Não há problemas de liquidez, como houve na crise de 2008. Se os critérios forem respeitados os bancos emprestam. Vamos ver como corre o segundo trimestre, mas estamos a prever um ano tão bom ou melhor do que 2021.