O alerta vem da Câmara dos Ofícios após um inquérito realizado pela Chambre des Métiers, com números bastante preocupantes: no segundo trimestre deste ano, a percentagem de empresas com falta de pessoal ascendia aos 36%.
Os setores mais afetados são os da alimentação e da construção, ocupada maioritariamente por portugueses. Uma situação que a Chambre des Métiers classifica de “muito preocupante” e que deverá continuar a agravar-se, uma vez que nos próximos dez anos será necessário substituir entre 22 mil a 25 mil trabalhadores que vão para a reforma.
A indexação dos salários também pesa nas faturas das empresas do setor manufatureiro. Apesar do adiamento da tranche de julho, a Câmara dos Ofícios recorda que as empresas tiveram de pagar duas parcelas no espaço de sete meses (uma em outubro de 2021 e outra em abril de 2022). De acordo com o organismo, as empresas estão “muito preocupadas” com a indexação, já que as previsões sobre a inflação para o segundo semestre do ano e para 2023 não são animadoras. Razão pela qual apela para que sejam “encontradas soluções à altura dos desafios” deste setor.
Restaurantes e cafés recuperaram da Covid e apanham uma inflação
O setor da horeca, um dos mais afetados pela pandemia, não demorou muito a recuperar… no que diz respeito ao emprego. Segundo o Instituto Nacional de Estatística, os restaurantes e os cafés regressaram praticamente aos níveis de pré-pandemia em termos de números de trabalhadores.
Uma “retoma excecional”, na opinião do Statec, que destaca o crescimento de 8% na primeira metade deste ano, comparativamente ao período homólogo. Outro indicador positivo é o número de profissionais do setor inscritos no centro de emprego, que caiu quase para metade.
Uma retoma que deveria permitir às empresas recuperarem alguma estabilidade financeira após dois anos de pesadas perdas. Mas infelizmente, a realidade é diferente. Apesar de os clientes e os trabalhadores terem regressado, os resultados estão longe do esperado. Controlada que está a pandemia, a doença agora chama-se inflação e também está para durar.
Maioria dos estudantes não trabalha
Os mais recentes dados do gabinete de estatística da União Europeia (UE), relativos a 2021, sobre participação jovem na educação e no mercado de trabalho e desemprego jovem, mostram que 76,2% dos estudantes do Grão-Ducado não trabalham enquanto estudam.
Este valor aproxima-se da média europeia (73,4% que não estava nem empregada nem desempregada), colocando o Luxemburgo em 17.º lugar entre os países europeus nesta situação.
Por outro lado, 19,2% dos jovens tinham emprego e 4,7% estavam desempregados, em comparação com os 23,4% e 3,3%, respetivamente, que se encontravam na mesma situação a nível europeu. “A rapidez com que os jovens transitam do ensino para o mercado de trabalho varia muito entre os Estados-membros”, contextualiza o Eurostat em comunicado.
Se, em alguns países, os alunos começam a trabalhar a tempo parcial durante a semana ou ao fim de semana ao mesmo tempo que estudam, noutros só integram o mercado de trabalho após concluírem a educação formal. Segundo o Eurostat, esta diferença é determinada pelos “sistemas de educação e formação, assim como outros fatores como as caraterísticas do mercado de trabalho nacional e fatores culturais”.
Em Portugal, o número de jovens estudantes fora do mercado de trabalho é de 86,9%, valor que o posiciona acima da média comunitária e em 10.º lugar entre os países com mais jovens nesta condição. Entre aqueles que já começaram a trabalhar, 10,3% estão empregados e 2,9% desempregados.
Em 2021, a maior percentagem de trabalhadores-estudantes foi registada na Holanda (70%), seguida pela Dinamarca (49%) e pela Alemanha (42%). Em contrapartida, os países com menor número de estudantes no mercado de trabalho eram a Roménia (2%), Eslováquia (4%) e Hungria e Bulgária (5%).
As áreas com mais vagas de emprego no Luxemburgo
As vagas de emprego por preencher registaram um extraordinário aumento nos últimos 12 meses: 34% entre julho de 2021 e julho de 2022. De acordo com o Centro de Emprego (ADEM) neste verão 13 mil postos estavam por preencher.
Já a taxa de desemprego manteve-se nos 4,7%, abaixo da fasquia dos 5%, considerada de pleno emprego. Os setores da informática, da finança e da restauração continuam a ser os que mais dificuldade têm em contratar.
As 10 áreas com mais ofertas no mês de julho foram as seguintes:
Estudos e desenvolvimento informático: 187 vagas
Contabilidade: 180 vagas
Auditoria e controlo financeiro: 154
Secretariado: 139
Restauração: 119
Análise de crédito e risco bancário: 117
Cozinheiros e ajudantes de cozinha: 91
Mercados financeiros - Front Office: 83
Análise e engenharia financeira: 82
Consultoria e gestão de projetos em sistemas de informação: 77
Fonte: ADEM