Economia

Dança das cadeiras nas finanças portuguesas, luxemburguesas e europeias

Os mais altos cargos que regem as finanças de Portugal e da União Europeia foram alvo de uma remodelação com a saída de Mário Centeno do Governo e, por arrastam

28 julho, 2020

A saída de Mário Centena era esperada, apesar de a maioria dos portugueses serem favoráveis à continuidade daquele que foi um dos principais responsáveis pela saída de Portugal da crise de 2008, devolvendo estabilidade financeira a um país classificado de “lixo” pelas principais agências de notação. Com esta saída Portugal perdeu também um posto importante (presidência do Eurogrupo) na defesa dos seus interesses juntos dos parceiros europeus. Para o cargo de ministro das Finanças, António Costa nomeou João Leão, atual secretário de Estado para o orçamento.

 

De Portugal para o Luxemburgo

Esta troca de cadeiras vai trazer mais um português para o Luxemburgo. O adjunto de Mário Centeno, o ex-secretário de Estado das Finanças, Ricardo Mourinho Félix, também de saída do Ministério das Finanças, deverá ser um dos vice-presidentes do Banco Europeu de Investimento (BEI), sediado no Luxemburgo, ocupando o lugar da espanhola Emma Navarro, em fim de mandato. Portugal e Espanha têm assegurada uma das vice-presidências do BEI em regime de rotatividade, cabendo agora a Portugal nomear alguém para o cargo. A vinda de Ricardo Mourinho Félix para o Luxemburgo está prevista já para o próximo mês de setembro.

 

Do Luxemburgo de Bruxelas

A chegada de um alto cargo financeiro para o Luxemburgo poderá coincidir com a saída de um outro, mas para Bruxelas. O lugar deixado em aberto por Mário Centeno, que ao deixar de ser ministro das Finanças, perde também o lugar de presidente do Eurogrupo, poderá abrir novamente a porta a Pierre Gramegna. O ministro das Finanças luxemburguês já tinha sido concorrido ao lugar, acabando por perder a corrida para Mário Centeno. Segundo fontes do Eurogrupo, a posição do Luxemburguês é agora mais favorável. Na altura, o presidente da Comissão Europeia era Jean-Claude Juncker e acrescentar mais um luxemburguês na alta esfera europeia não era muito bem vista pelos restantes parceiros. Na conjuntura atual é provável que o Luxemburgo volte a colocar um seu representante num dos mais altos cargos europeus.

 

Mais um ex-ministro da Economia a caminho da Arcelor Mittal

O ex-primeiro-ministro e ministro da Economia, Etienne Schneider, foi nomeado para o Conselho de Administração do gigante mundial da siderurgia, a ArcelorMittal, substituindo assim o também ex-ministro da Economia Jeannot Krecké. Etienne Schneider tinha apresentado a demissão do governo em dezembro, alegando querer abandonar a carreira política, mas sempre negou os rumores que o ligavam à Arcelor Mittal.

Tal como o seu antecessor, o ex-ministro da Economia vai receber 152 mil euros anuais, fora os bónus. Mas a transição do ex-governante para a esfera privada não se fica por aqui e poderá também substituir Krecké em outro conselho de administração, desta vez na holding russa Sistema PJSFC que pertence ao oligarca Vladimir Evtushenkov. A confirmar-se, Etienne Schneider receberia mais 227 mil euros anuais de salário de base. Um valor que poderá aumentar substancialmente dependendo do cargo que vier a assumir.  

 

Bettel promete regras mais éticas para os ex-governantes

O Luxemburgo é vulgarmente acusado de falta de ética e de transparência pelas organizações nacionais e internacionais que supervisionam, entre outro, a conduta dos governantes. Com o anúncio da ida de mais um ex-ministro da Economia (Etienne Schneider) para o Conselho de Administração da Arcelor Mittal, o comité de ética não governamental voltou a criticar as regras de ética luxemburguesas, consideradas demasiado permissoras. Atualmente um ex-ministro apenas está proibido por lei de utilizar as informações a que teve acesso enquanto governante durante um prazo de dois anos. Além deste prazo ser considerado curto, não há forma de controlar se por exemplo o ex-ministro da Economia vai ou não utilizar informação estratégica e confidencia do governo luxemburguês no seu novo cargo de administrador da ArcelorMittal. Confrontado com estas e várias outras acusações de conflitos de interesses e falta de transparência envolvendo membros do governo, Bettel prometeu para breve a adoção de novas regras de ética mais apertadas.

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