Economia

Faltam trabalhadores qualificados no Luxemburgo

Cerca de 75% dos trabalhadores no Grão-Ducado são estrangeiros, mas mesmo assim não chegam para as necessidades do país.

02 janeiro, 2022
Foto Catarina Almeida Coelho
Foto Catarina Almeida Coelho

Economia

Faltam trabalhadores qualificados no Luxemburgo

Cerca de 75% dos trabalhadores no Grão-Ducado são estrangeiros, mas mesmo assim não chegam para as necessidades do país.

Por 02 janeiro, 2022

 Antes de tudo, os números. No final de outubro havia mais de 11 mil vagas disponíveis na Agência de Desenvolvimento do Emprego (ADEM) e "atualmente cerca de 75% da mão-de-obra no Grão-Ducado é de outra origem que não luxemburguesa. Entre esses trabalhadores estrangeiros, cerca de 60% são trabalhadores transfronteiriços", sublinha Michel Beine, professor de Economia Internacional da Universidade do Luxemburgo e membro do Conselho Científico da fundação IDEA. O economista defende a necessidade de mudanças na política de imigração para atrair mão-de-obra qualificada de fora da União Europeia (UE). 

A verdade, como sublinha Beine no seu artigo intitulado "Mão-de-obra estrangeira qualificada no Luxemburgo: o papel da política de imigração", é que a população residente no Grão-Ducado não é suficiente para ocupar as vagas existentes e atrair talentos para o país, sobretudo extra-comunitários (de fora da UE), é uma tarefa hercúlea. Por isso, o economista defende que a política de imigração deve ser suficientemente atrativa para facilitar a entrada destes profissionais.  

"Muitos setores em que a economia luxemburguesa se especializou, como a gestão de fundos, serviços financeiros ou de logística empresarial, para citar apenas alguns, devem recrutar constantemente trabalhadores com conhecimentos aprofundados para garantir a sua sustentabilidade e desenvolvimento", lembra Michel Beine, que evoca os números acima apresentados no seu artigo: 75% da mão-de-obra no Grão-Ducado é estrangeira e 60% são trabalhadores transfronteiriços – nem sequer residem no país, por isso não são considerados imigrantes. 

90% dos imigrantes são comunitários

Dos 260 000 residentes estrangeiros, apenas 29 000 são extracomunitários. Uma pequena fatia justificada pelas restrições impostas pela política de imigração do Luxemburgo a todos aqueles que não são cidadãos da UE. O economista defende, por isso, que, dada a escassez de trabalhadores em vários setores, se torne mais fácil obter um visto de trabalho permanente para estes trabalhadores qualificados (destacamento por razões de trabalho) e que seja mais simples obter o estatuto do trabalhador transferido temporariamente. Sugere ainda que se proceda a uma atualização da lista de profissionais em défice no Grão-Ducado (a última lista data de 2015).  

Desemprego cai abaixo do nível pré-Covid

Esta penúria de mão-de-obra qualificada acaba por ter um impacto relativo na taxa de desemprego, que em novembro recuou para os 5,3%, "abaixo do nível pré-crise", divulgou o Statec. A 30 de novembro, o número de candidatos inscritos na Agência para o Desenvolvimento do Emprego (ADEM) era de 15 232. Em comparação com novembro de 2020, o valor representa uma diminuição de 16,1% (menos 2.927 desempregados).  Já o desemprego de longa duração (inscritos há mais de 12 meses na ADEM) diminuiu 12,4% no espaço de um ano, mas ainda representa 51% do número total de pessoas à procura de emprego no Grão-Ducado.

Dependência de médicos e enfermeiros não-residentes preocupa

Cerca de dois terços dos enfermeiros e um quarto dos médicos vive fora do Luxemburgo. Uma situação desconfortável, conforme concluiu um relatório da Comissão Europeia e da OCDE que traçou o perfil de saúde do país. "No decorrer da fase inicial da pandemia, a dependência de profissionais de saúde estrangeiros tornou o Luxemburgo particularmente vulnerável ao risco do encerramento de fronteiras com a Bélgica, França e Alemanha", lê-se no relatório. Por outro lado, o país reagiu rapidamente à pandemia e estava "relativamente bem preparado", avalia o estudo.

Nova indexação antes do final do ano

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