Mais (des)igualdade no trabalho
Outrora, no Luxemburgo como na maioria dos países, quem ficava no escritório até mais tarde era mais valorizado e acabava por ter melhores oportunidades de carreira. Um hábito que logo à partida criava uma situação de injustiça e de discriminação, sobretudo em relação aos trabalhadores com crianças a cargo, frequentemente mulheres. Com a pandemia isso mudou, mas para pior. O teletrabalho exacerbou esta discriminação, acrescentando-lhe uma nova camada: os que trabalham no escritório e os que trabalham a partir de casa.
Durante o início da pandemia, a estratégia dos dirigentes consistia em deixar os empregados escolher se queriam ou não optar pelo teletrabalho. Confrontados com essa escolha, os empregados com obrigações familiares optavam por ficar em casa enquanto os mais independentes optavam por ir para o escritório. Como a tendência natural das chefias é valorizar quem está presente, esta liberdade está a transformar-se num novo instrumento de discriminação. Em 2022, os gestores deverão adotar uma organização de trabalho mais igualitária em termos de trabalho presencial e trabalho em casa de forma a manter e proteger os seus recursos humanos.
Mais mobilidade verde
O estilo de vida está a mudar em várias regiões do mundo e o Luxemburgo não é exceção. As pessoas querem mais espaços verdes reservados aos peões e às bicicletas, mais parques de recreio para as crianças, e mais instalações desportivas e comércio de proximidade. Este estilo de vida encaixa no conceito de cidades inteligentes criado antes da pandemia, mas que acabou por ganhar um forte ímpeto com o confinamento e com a generalização do teletrabalho, com as pessoas a passarem mais tempo em casa e na localidade onde vivem.
Os carros transformaram-se num “mal” a erradicar do interior das cidades, com os transportes públicos e as bicicletas a assumirem cada vez maior protagonismo. Uma transformação que deverá acelerar em 2022 nas comunas mais corajosas e inovadoras, num país que continua a ter o maior número de carros por habitante da Europa.
Já as viagens de negócios, sobretudo de avião, deverão manter-se a um nível baixo, sendo substituídas por sistemas de videoconferência cada vez mais eficientes.
Mais comunicação virtual
No trabalho, as videoconferências vieram para ficar, com as empresas a perceberem que podem poupar bastante tempo e dinheiro ao substituírem as viagens de negócios por reuniões via zoom ou teams. Mesmo quando a pandemia estiver completamente erradicada, o mais provável é que uma grande parte da comunicação no trabalho continue a ser feita com recursos a plataformas digitais.
Na escola, o ensino à distância foi uma solução que, apesar de indesejada por professores e alunos, veio ressuscitar um conceito em que Portugal foi pioneiro: a telescola. Uma forma de democratizar o ensino fazendo-o chegar a qualquer lugar, o que, para muitas crianças e inclusive para os adultos que residem longe dos estabelecimentos de ensino, constitui uma excelente oportunidade de prosseguir os estudos. Em 2022, o recurso à comunicação virtual deverá cimentar-se com a ajudas nas novas tecnologias e com a chegada do 5G.