O mercado imobiliário continua com a mesma dinâmica neste primeiro trimestre de 2022?
Nos últimos meses temos notado alguma reticencia em comprar por parte de muitos clientes. Os próprios bancos têm dúvidas sobre o valor dos bens que vão financiar e tornaram-se mais cautelosos.
Também pedem avaliações, como em Portugal?
A maioria faz uma avaliação interna com base na localização, nas dimensões e nas fotos. Geralmente já é suficiente para fazer uma estimativa, mas em caso de dúvida pedem uma avaliação.
O problema já não é tanto a escassez de bens à venda, mas o preço?
Exatamente. Nos últimos meses já tem havido mais bens à venda, mas demoram mais a vender porque as pessoas têm receio que o imóvel esteja sobrevalorizado.
É um receio justificado?
De certa forma sim. A subida dos preços chegou a um ponto em que muitos proprietários achavam que podiam pedir preços exorbitantes que vendiam na mesma. A realidade não é bem assim e quando os valores são exagerados, os imóveis ficam durante muito tempo à venda até o preço baixar.
Comprar para investir ainda vale a pena?
Uma coisa é comprar para ir morar e, nesse caso, mesmo sendo muito caro, vale a pena. Outra coisa é comprar para alugar.
Com as novas regras, para comprar vários apartamentos já é preciso ter muito dinheiro de lado e um salário muito elevado. Mesmo para os investidores com o capital suficiente, se o valor das rendas não cobrir as prestações do empréstimo acaba por já não valer a pena.
Mas a Mansoimmo investe…
A decisão de investirmos tem a ver com o leque de serviços que prestamos aos nossos clientes. Um proprietário que tenha urgência em vender, não necessita de procurar um comprador, organizar visitas e esperar pela resposta do banco, a Mansoimmo pode avançar rapidamente com a compra. Neste caso, como é a própria agência a ficar com o bem, não há lugar ao pagamento de comissão.
Outra vantagem importante desta opção, para certos clientes, é o anonimato. Isto é, um cliente que queira vender um bem, mas não queira aparecer, pode optar por vender à nossa agência e nós em seguida colocamos no mercado à venda.
Estamos a falar de que tipo de bens?
Este serviço destina-se sobretudo a apartamentos para renovação, mas não só. Depende do projeto, são negócios analisados caso a caso. Regra geral, fazemos uma avaliação do imóvel e apresentamos uma proposta ao cliente. Se a proposta for aceite, avançamos de imediato com a compra e em cerca de duas semanas passamos ao notário. É um processo bastante rápido que vai ao encontro das pessoas que têm bastante urgência em vender.
Com a pandemia, muitas pessoas privilegiaram os imóveis com varanda ou jardim. Essa tendência mantém-se?
Sim, mas há outras tendências para além dessa. Antigamente os jovens começavam por comprar um estúdio e mais tarde vendiam e avançavam para a compra de um apartamento maior. Agora preferem começar diretamente por um T2. Atualmente, os apartamentos com cerca de 70m2, dois quartos e uma varanda, entre os 600 e 800 mil euros, são os bens que se vendem com mais facilidade. Os que passam de um milhão de euros começa a ser mais complicado financiar.
Não há salários no Luxemburgo para financiar imóveis a esse preço?
Não é só o problema dos salários, que muitas vezes não são suficientes para respeitar a taxa de endividamento. É também uma questão de estilo de vida que mudou desde a pandemia e agora, com a guerra, mais ainda. Com a Covid-19 as pessoas começaram a refletir se estão dispostas a endividar-se ao máximo com a habitação ou se, pelo contrário, querem ter dinheiro mais dinheiro de lado para disfrutar a vida.