Economia

A dinâmica mantém-se, mas há diferenças significativas no mercado imobiliário

O mercado imobiliário no Luxemburgo continua imparável, apesar da pandemia e da elevada inflação. Mas há mudanças importantes, tanto na procura como no financiamento. Entrevista com Fábio Fajardo e Liliana Gomes, gerentes da agência imobiliária Mans

25 maio, 2022

O mercado imobiliário continua com a mesma dinâmica neste primeiro trimestre de 2022?

Nos últimos meses temos notado alguma reticencia em comprar por parte de muitos clientes. Os próprios bancos têm dúvidas sobre o valor dos bens que vão financiar e tornaram-se mais cautelosos.

 

Também pedem avaliações, como em Portugal?

A maioria faz uma avaliação interna com base na localização, nas dimensões e nas fotos. Geralmente já é suficiente para fazer uma estimativa, mas em caso de dúvida pedem uma avaliação.

 

O problema já não é tanto a escassez de bens à venda, mas o preço?

Exatamente. Nos últimos meses já tem havido mais bens à venda, mas demoram mais a vender porque as pessoas têm receio que o imóvel esteja sobrevalorizado.

 

É um receio justificado?

De certa forma sim. A subida dos preços chegou a um ponto em que muitos proprietários achavam que podiam pedir preços exorbitantes que vendiam na mesma. A realidade não é bem assim e quando os valores são exagerados, os imóveis ficam durante muito tempo à venda até o preço baixar.

 

Comprar para investir ainda vale a pena?

Uma coisa é comprar para ir morar e, nesse caso, mesmo sendo muito caro, vale a pena. Outra coisa é comprar para alugar.

Com as novas regras, para comprar vários apartamentos já é preciso ter muito dinheiro de lado e um salário muito elevado. Mesmo para os investidores com o capital suficiente, se o valor das rendas não cobrir as prestações do empréstimo acaba por já não valer a pena.

 

Mas a Mansoimmo investe…

A decisão de investirmos tem a ver com o leque de serviços que prestamos aos nossos clientes. Um proprietário que tenha urgência em vender, não necessita de procurar um comprador, organizar visitas e esperar pela resposta do banco, a Mansoimmo pode avançar rapidamente com a compra. Neste caso, como é a própria agência a ficar com o bem, não há lugar ao pagamento de comissão.

Outra vantagem importante desta opção, para certos clientes, é o anonimato. Isto é, um cliente que queira vender um bem, mas não queira aparecer, pode optar por vender à nossa agência e nós em seguida colocamos no mercado à venda.

 

Estamos a falar de que tipo de bens?

Este serviço destina-se sobretudo a apartamentos para renovação, mas não só. Depende do projeto, são negócios analisados caso a caso. Regra geral, fazemos uma avaliação do imóvel e apresentamos uma proposta ao cliente. Se a proposta for aceite, avançamos de imediato com a compra e em cerca de duas semanas passamos ao notário. É um processo bastante rápido que vai ao encontro das pessoas que têm bastante urgência em vender. 

 

Com a pandemia, muitas pessoas privilegiaram os imóveis com varanda ou jardim. Essa tendência mantém-se?

Sim, mas há outras tendências para além dessa. Antigamente os jovens começavam por comprar um estúdio e mais tarde vendiam e avançavam para a compra de um apartamento maior. Agora preferem começar diretamente por um T2. Atualmente, os apartamentos com cerca de 70m2, dois quartos e uma varanda, entre os 600 e 800 mil euros, são os bens que se vendem com mais facilidade. Os que passam de um milhão de euros começa a ser mais complicado financiar.

 

Não há salários no Luxemburgo para financiar imóveis a esse preço?

Não é só o problema dos salários, que muitas vezes não são suficientes para respeitar a taxa de endividamento. É também uma questão de estilo de vida que mudou desde a pandemia e agora, com a guerra, mais ainda. Com a Covid-19 as pessoas começaram a refletir se estão dispostas a endividar-se ao máximo com a habitação ou se, pelo contrário, querem ter dinheiro mais dinheiro de lado para disfrutar a vida.

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